Diretrizes teórico-metodológicas para a realização de pesquisas em historiografia da gramaticografia

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DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2025n68.1422

Parole chiave:

Historiografia da Linguística, Meta-historiografia, Gramaticografia

Abstract

O artigo desenvolve algumas diretrizes teórico-metodológicas que podem fundamentar, conceitual e analiticamente, diferentes pesquisas envolvendo gramaticografia, domínio de ação metalinguística, descritiva e normativa dos gramáticos. O trabalho alinha-se às reflexões sobre historiografia da gramaticografia, ou seja, sobre a escrita da história da técnica de compor gramáticas. A natureza do artigo é, em essência, meta-historiográfica, no sentido de promover uma reflexão crítica e sistematizada sobre as práticas de pesquisa em Historiografia da Linguística, com ênfase em seus aspectos teóricos ou metodológicos (SWIGGERS, 2009b). As sistematizações apresentadas versam, entre outros pontos, sobre: i) objetivos, objetos e interesses de pesquisas em historiografia da gramaticografia; ii) fontes historiográficas e o modo como podem impactar a natureza dessas pesquisas; iii) formas de organização e possibilidades analíticas da historiografia da gramaticografia; iv) características epistemológicas que atravessam gramáticas tradicionais, fontes privilegiadas dessa linha de investigação; v) e categorias de análise delineadas num exemplo de pesquisa. Compreende-se que os conhecimentos gramaticais são produtos históricos decorrentes de processos de elaboração, seleção, recepção e apagamento de ideias. Argumenta-se, assim, que os estudos no campo da historiografia da gramaticografia são relevantes por traçar narrativas que reconstroem relações de (des)continuidades entre diferentes formas de abordagem de questões gramaticais, o que pode ajudar pesquisadores e professores de língua a terem uma compreensão crítica e historicamente situada da constituição desses conhecimentos como objeto de investigação e ensino.

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Biografie autore

Fábio Albert Mesquita, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Doutorando e mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFPB. Membro do grupo de pesquisa “HGEL – Historiografia, Gramática e Ensino de Línguas” (UFPB/ CNPq). Técnico em Assuntos Educacionais na UFPE. Bacharel em Direito pela UFPE. Licenciado Letras – Português e Inglês pela UNICAP.

Francisco Eduardo Vieira, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

professor do Departamento de Língua Portuguesa e Linguística da UFPB. Doutor em Letras pela UFPE, com pós-doutorado na UFPR. Orienta pesquisas na graduação e na pós-graduação em Historiografia da Linguística e Linguística Aplicada. Colíder do grupo de pesquisa “HGEL – Historiografia, Gramática e Ensino de Línguas” (UFPB/ CNPq). Membro do GT da Anpoll “Historiografia da Linguística Brasileira” e vice-coordenador da «Comissão de Historiografia Linguística» da Abralin (2025-2026). Publicou, pela Parábola Editorial, engre outros livros, A gramática tradicional: história crítica (2018); História das línguas, histórias da linguística (2020), coorganizado com M. Bagno; e a Gramática do português brasileiro escrito (2023), em coautoria com C. A. Faraco, obra indicada entre as cinco finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico 2024, na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários.

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Pubblicato

2025-02-16

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Articolo