Usos e funções de mesmo no português amazonense e sua contribuição para a construção de significados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2023n64.1315

Palavras-chave:

mesmo, português amazonense, Gramática Cognitiva

Resumo

Este artigo tem como proposta analisar usos e funções de ‘mesmo’ em amostras orais e escritas do português amazonense, almejando responder as seguintes perguntas: quais são os usos de ‘mesmo’ no português amazonense? Algum desses usos pode ser considerado característico dos amazonenses? Qual a contribuição de ‘mesmo’ para a construção do significado das predicações em que figura? Para tanto, em termos teóricos, fundamenta-se na Gramática Cognitiva e, no que diz respeito aos procedimentos de coleta e análise dos dados, respalda-se em contribuições da Sociolinguística variacionista. Os resultados encontrados em análises quantitativa e qualitativa dos dados demonstram que no português amazonense: (i) ‘mesmo’ é empregado como pronome demonstrativo (indicando semelhança/igualdade) e anafórico (em referência nominal), como advérbio (reforçando inclusão, exclusão e confirmação), como adjetivo (reforçando identidade), e como conjunção concessiva (indicando concessão); (ii) o uso mais característico de ‘mesmo’ é o de reforçador de confirmação; (iii) ‘mesmo’ utilizado como reforçador contribui para a construção de significados ao pôr em proeminência uma predicação nominal, uma predicação relacional de processo ou uma predicação relacional atemporal.

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Biografia do Autor

Jussara Abraçado, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Professora titular de Linguística da Universidade Federal Fluminense. É editora associada da revista Gragoatá, desde 2018. Sua formação inclui Mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais, sob a orientação do Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira; Doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação da Profa. Dra. Cecília Mollica; e realização de estágios de pós-doutoramento em Linguística Cognitiva: na Universidade Católica de Braga, sob a supervisão do Prof. Dr. Augusto Soares da Silva, e na Universidade Federal de Juiz de Fora, sob a supervisão da Profa. Dra. Margarida Salomão. É membro do Grupo de Investigação “Linguagem, cognição e sociedade”, cadastrado na Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal e atua na coordenação dos Grupos de Pesquisas Galego e Português - que reúne pesquisadores brasileiros (da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e espanhóis (da Universidade de Santiago de Compostela) e de Estudos Linguísticos sobre o português em Uso (PorUs), integrado por pesquisadores da UFF, USP, UFES e UESB . É coordenadora do Projeto Gramática do Português da Associação de Linguística e Filologia da América Latina (ALFAL), que reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros dedicados ao estudo da língua portuguesa. Desenvolve pesquisas na linha teórica da Linguística Cognitiva, com ênfase na interface entre Linguística Cognitiva e Sociolinguística, atuando principalmente nos seguintes temas: tempo e modalidade, vozes verbais e ordem de palavras.

Marcilene da Silva Nascimento Cavalcante, Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Doutora em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal Fluminense em Niterói - RJ (2021); Mestre em Estudos Amazônicos pela Universidade Nacional da Colômbia - Sede Amazônia-Letícia, na área de História e Cultura Amazônicas (2011); título reconhecido pela Universidade Federal do Pará em 15 de outubro de 2014 - Res.: N. 4.578 CONSEPE; especialista em Tecnologia Educacional pela Universidade Federal do Amazonas (2004); licenciada em Letras: Língua e Literatura Portuguesa pela Universidade Federal do Amazonas (1995). Atualmente é professora Adjunto II da Universidade Federal do Amazonas - Sede Instituto de Natureza e Cultura em Benjamin Constant (desde 2006). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa e Sociolinguística.

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Publicado

17.02.2023

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Artigos