A concordância e a função comunicativa da linguagem: uma visão ecolinguística

Autores

  • Hildo Honório do Couto

Resumo

RESUMO: O principal objetivo deste artigo é defender a tese de que, para a visão interacionista da linguagem, a chamada concordância só é necessária em línguas de posição livre dos constituintes da oração, como o latim. Em línguas de posição fixa, como o inglês, o francês e o português, a flexão/concordância é desnecessária para o entendimento. Tanto que em situações de crise, como contato e aquisição de línguas ou de variação, bem como de relaxamento da pressão normativa, a flexão/concordância tende a não existir, como ocorre nos dialetos rurais e populares do português brasileiro. Exemplos de outras línguas são trazidos à baila para provar essa tese. PALAVRAS-CHAVE: Concordância, variação linguística, interação comunicativa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Hildo Honório do Couto

Atua no mestrado e doutorado em Linguística da Universidade de Brasília desde 1980, nas áreas de Fonologia, Crioulística e Ecolinguística. Seus livros mais recentes são Ecolinguística (2007), Linguística, ecologia e ecolinguística (2009) e O tao da linguagem (2012). No momento está organizando um livro e uma revista online sobre Ecolinguística, além de liderar um grupo de pesquisas ecolinguísticas no eixo Brasília-Goiânia.

Referências

Amaral, Amadeu. O dialeto caipira. 4ed. São Paulo: HUCITEC/Instituto Nacional do Livro, 1992.

Ammon, Ulrich. Probleme der Soziolinguistik. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 1973.

Bakhtin, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 2ed. São Paulo: HUCITEC, 1981.

Bernstein, Basil. Social class, language and socialization. In: Giglioli, P. P. (org.). Language and social context. Harmondsworth: Penguin Books, 1972, p. 157-178.

Chaudenson, Robert. Créoles et enseignement du français. Paris: L’Harmattan, 1989.

Chaves de Melo, Gadstone. Iniciação à filologia portuguesa. 3ed. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1967.

Coseriu, Eugenio. Teoría del lenguaje y lingüística general. Madri: Editorial Gredos, 1967.

_______. Sincronia, diacronia e história - o problema da mudança linguística. Rio de Janeiro/São Paulo: Presença/EDUSP, 1979.

Couto, Hildo Honório do (1974): O falar capelinhense - uma visão sociolinguística. Londrina (PR): UEL.

_______ (1979): “Os níveis sociolinguísticos”. Semina 1,3.15-23.

_______ (1998): “Falar capelinhense: um dialeto conservador do interior de Minas Gerais, em Grosse, Sybille Grosse/Zimmermann, Klaus (orgs.): pp. 371-391.

_______ (2006): “Prolegômenos ao estudo do acento em português”. Polifonia 12,2.73-89.

_______ (2007a): Ecolinguística - estudo das relações entre língua e meio ambiente. Brasília: Thesaurus Editora.

_______ (2007b): “The ecology of spatial relations: The case of Kriol prepositions”, em: Schrader-Kniffki, Martina/Morgenthaler García, Laura (orgs.): La Romania en interacción: entre historia, contacto y política - Ensayos en homenaje a Klaus Zimmermann. Madri/Frankfurt: Iberoamericana/Vervuert, pp. 479-514.

_______ (2008): “Algumas restrições aos proparoxítonos em português”, em: Roncarati, Cláudia/Abraçado, Jussara (orgs.): 2008. Português brasileiro II: contato linguístico, heterogeneidade e história. Niterói, EDUFF/FAPERJ, pp. 118-136.

_______ Denize E. Garcia. da Silva/Martins, Denise Aragão C. (1990): “Processos de simplificação no português brasileiro e pidginização”: Estudos lingüísticos (GEL) XIX, pp. 316-323.

Cunha, Celso (1969): Gramática do português contemporâneo. Belo Horizonte: Editora Bernardo Álvares.

Elia, Sílvio. Unidade e diversidade fonética do português do Brasil. In: Ensaios de filologia. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1963, p. 233-301.

Fill, Alwin. Ökologie: Eine Einführung. Tübingen: Gunter Narr Verlag, 1993.

Garvin, P. L. The standard language problem - concepts and methods. In: Hymes, D. (org.). Language in culture and society. New York: Harper & Row, 1964, p. 521-526.

_______; Mathiot, M. Urbanização da língua guarani: um problema em língua e cultura. In: Fonseca, M. S. V.; Neves, M. F. (orgs.). Sociolingüística. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974, p. 119-130.

Grosse, Sybille/ Zimmermann, Klaus (orgs.). “Substandard” e mudança no português do Brasil. Frankfurt/Main: TFM, 1998.

Guy, G. R. On the nature and origins of Popular Brazilian Portuguese. In: Estudios sobre el español de América y linguística afroamericana. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo, 1989, p. 226-244.

Humboldt, Wilhelm Von. Über die Verschiedenheit des menschlichen Sprachbaus und ihren Einfluss auf die geistige Entwicklung des Menschengeschlechts. Berlin: Bonn: Ferd. Dümmlers Verlag, 1836).

Naro, Anthony. O uso da concordância verbal no português substandard do Brasil: atualidade e origens. In: Grosse; Zimmermann (orgs.): 1998, p. 139-151.

Naro, A.; Scherre, M. Sobre as origens do português popular do Brasil. In: DELTA 9, 1993, p. 437-454 (número especial).

Scherre, Marta. A regra de concordância de número no sintagma nominal em português. 1987. Dissertação (Universidade Federal do Rio de Janeiro.

_______. Reanálise da concordância nominal em português. 1988. Tese (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

_______. Sobre a influência de três variáveis relacionadas na concordância nominal em português. In: Oliveira e Silva, G. M.; Scherre, M. (orgs.). Padrões sociolinguísticos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996, p. 85-117.

_______. Variação da concordância nominal no português do Brasil: influência das variáveis posição, classe gramatical e marcas precedentes. In: Grosse; Zimmermann (orgs.), 1998, p. 153-188.

Scherre, M.; Naro, A. A concordância de número no português do Brasil: um caso típico de variação inerente. In: Hora, D. (org.): Diversidade linguística no Brasil. João Pessoa: Ideia Editora, 1997.

Schleicher, August. Zur vergleichenden Sprachgeschichte. Bonn: H. B. König, 1848.

Silva Neto, Serafim. Histórida da língua portuguesa. 2ed. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1970.

Vasconcelos, José Leite. Esqusse d’une dialectologie portugaise. Lisboa: Centros de Estudos Filológicos, 1970.

Downloads

Publicado

26.01.2014

Edição

Seção

Artigos