A emergência da gramática do português brasileiro em Goiás
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.v1i47.62Resumo
RESUMO: A partir da conjectura teórica de dois campos consagrados das Ciências da Linguagem, a saber, a Linguística Histórica e a Teoria Gerativa, o presente artigo busca fornecer uma nova perspectiva para se olhar a história do português brasileiro, mais especificamente a história de sua variedade que emergiu em Goiás nos séculos XIX e XIX. Para alcançar esse objetivo, analisam-se evidências da mudança na expressão paramétrica do sujeito no português brasileiro encontradas em um manuscrito goiano do século XIX e se delineiam os aspectos linguísticos e históricos que circunscrevem a emergência da gramática do português brasileiro em Goiás, de modo a postular uma hipótese para a mudança na expressão sintática do sujeito nessa região. PALAVRAS-CHAVE: Português Brasileiro. Parâmetro do sujeito nulo parcial. Goiás.Downloads
Referências
ALDEN, D. The population of Brazil in the Late Eighteenth Century: A Preliminary Study. The Hispanic Americal Historical Review, vol. 43, n. 2, p. 173-206, 1963.
ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
BORGES, H.; NAVES, R. R. Corpus do projeto de pesquisa Estudos sobre a constituição do Português Brasileiro. Universidade de Brasília: Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2015.
CARVALHO, E. F. O rosário de Aninha: os sentidos da devoção rosarina na escritura de Anna Joaquina Marques (Cidade de Goiás, 1881-1930). 285 f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, 2008.
CARVALHO, E. F. Retalhos de uma experiência feminina: mestra Lili, professora pública da capital goiana (1858-1945). Temporis(ação), v. 12, n. 1, p. 18 - 39, jan./dez. 2012.
CAVALCANTE, S. R. O.; MARCOTULIO, L. L. Um novo olhar para as construções com se: para além da questão da concordância. DUARTE, M. E. L. (Org.). O sujeito em peças de teatro (1833-1992): estudos diacrônicos. São Paulo: Parábola, 2012.
CHAIM, M. M. Os aldeamentos indígenas na capitania de Goiás: sua importância na política do povoamento (1749-1811). Goiânia: Oriente, 1974.
CHOMSKY. N. Knowledge of language: its nature, origin, and use. New York: Praeger, 1986.
FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2011.
DUARTE, M. E. L. Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajetória do sujeito no português do Brasil. ROBERTS, I.; KATO, M. (Org.). Português brasileiro: uma viagem diacrônica. Campinas: Editora da Unicamp, 1993.
DUARTE, M. E. L. A perda do princípio “evite pronome” no português brasileiro. 1995. 151 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 1995.
FIGUEIREDO, C. G.; OLIVEIRA, M. S. D. Português do município do Libolo, Angola, e português afro-indígena da comunidade de Jussara, Brasil: cotejando os sistemas de pronominalização. PAPIA, v. 23 (2), jul./dez., 2013, p. 105-185.
FIGUEIREDO-SILVA, M. C. A Posição Sujeito Em Português Brasileiro – Frases Finitas e Infinitivas. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
GALVES, C. A sintaxe do português brasileiro. Ensaios de Linguística, v. 13, p. 31-50, 1987.
GALVES, C. Tópicos, sujeitos, pronomes e concordância no português brasileiro. Caderno de Estudos da Linguagem, v. 34, p. 19-32, Campinhas, jan./jun., 1998.
GALVES, C. Ensaio sobre as gramáticas do português. Campinas: Editora da Unicamp, 2001.
GARCIA, L. F. Goyaz: uma província do sertão. Goiânia: Cânone Editorial/Editora PUC-Goiás, 2010
GUASTI, M. T. Language acquisition: the growth of grammar. Massachusetts: Institute of Technology of Massachusetts, 2002.
HOLMBERG, A.; SHEEHAN, M. Control into finite clauses in partial null-subject languages. BIBERAUER, T. et al. Parametric Variation: null subjects in Minimalist Theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
KARASCH, M. C. Centro africanos no Brasil Central, de 1780 a 1835. HEYWOOD, L. M. Diáspora negra no Brasil. São Paulo: Contexto, 2013, p. 125-164.
KARASCH, M. C. O quilombo do ouro na capitania de Goiás. In: REIS, J. J. ; GOMES, F. dos S. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1996, p. 240-262.
KATO, M.; NEGRÃO, E. V. (Org.). Brazilian Portuguese and the Null Subject Parameter. Frankfurt: Vervuert Verlag, 2000.
KATO, M.; DUARTE, M. E. L. Restrições na distribuição de sujeitos nulos no Português Brasileiro. Veredas (UFJF. Online), v. 18, p. 1-21, 2014.
KROCH, A. Syntactic change. BALTIN, M.; COLLINS, C. (Orgs.). The handbook of contemporany syntactic theory. Oxford: Blackwell, 2001.
LOBATO, L. Sobre a questão da influência ameríndia na formação do português do Brasil. SILVA, D. E. G. (Org.). Língua, gramática e discurso. Goiânia: Cânone Editorial, 2006, p. 54-86.
LOIOLA, M. L. Trajetórias para liberdade: escravos e libertos na capitania de Goiás. Goiânia: Ed. UFG, 2009.
LUCCHESI, D.; BAXTER, A. A transmissão linguística irregular. LUCCHESI, D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (Orgs.). O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009, p. 101-124.
LUCCHESI, D. A simplificação morfológica na expressão do sujeito indeterminado no português afro-brasileiro. Revista LinguíStica, v. 10, n. 1, junho de 2014, p. 277-298.
LUNGUINHO, M. V. S.; MEDEIROS, P. 2009. Inventou um novo sujeito: características sintáticas e semânticas de uma estratégia de indeterminação do sujeito no português brasileiro. A Interdisciplinar – Revista de Estudos em Língua e Literatura. Sergipe, v. 9, p. 7-21.
MATTOS E SILVA, R. V. Caminhos da linguística histórica: ouvir o inaudível. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
MATTOS E SILVA, R. V. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
MORAES, C. C. P. A capitania dos Guayazes em festa: as comemorações pela convalescência do Rei D. José I em 1760. Estudos Ibero-Americanos, v. XXV, n. 1. Porto Alegre: Edipucrs, junho de 1999, p. 81-92.
MORAES, C. C. P. Devotos de Nuestra Señora del Rosário de los Hombres Negros y seguidores del Vudú: Los rituales sudaneses en la région de los Guayases al final del siglo XVIII. CORTÉS ZAVALA, M. T.; et al. (Org.). Michoacan: Universidad Michoacan de San Nicolas de Hildalgo; Goiânia: UFG/CECAB, 2002, p. 71-92.
NARO, A. The genesis of the reflexive impersonal in Portuguese: a study in syntactic change as a surface phenomenon . Language (Baltimore), New York, v. 52, p. 779-810, 1976.
NAVES, R. R.; PILATI, E.; SALLES, H. As cidades da Amazônia chovem muito: Non-thematic subjects and the properties of agreement in Brazilian Portuguese (BP). Portuguese Linguistics in the United States, University of Georgia, Athens, November 15th, 2013.
NEGRÃO, E. V. O português brasileiro: uma língua voltada para o discurso. 214 f. Tese (Livre-Docência). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1999.
NUNES, J. O famigerado se: uma análise sincrônica e diacrônica das construções com se apassivador e indeterminador. 180 f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 1990.
OLIVEIRA, M. S. D. CAMPOS, E. A.; CECIM, J. F.; LOPES, F. J.; SILVA, R. A. O português étnico de Jurussaca: o resgate de uma variedade ao conjunto “português brasileiro”. AVELAR, J.; LÓPES, L. Á. (Orgs.). Dinâmicas afro-latinas - língua(s) e história(s). Berlin: Peter Lang, 2015, p. 149-178.
OSSAMI DE MOURA, M. C. Tapuios do Carretão. OSSAMI DE MOURA, M. C. (Org.). Índios de Goiás: uma perspectiva histórico-cultural. Goiânia: Editora da UCG, 2006, p. 153-220.
PALACIN, L. Goiás: 1722-1822. Estrutura e conjuntura numa Capitania de minas. Goiânia: Oriente, 1972.
PALACÍN, L.; MORAES, M. A. de S. História de Goiás: (1722-1972). 7ª Ed. Goiânia: Editora Vieira e Editora da UCG, 2008.
PAIXÃO DE SOUSA, M. C. Linguística Histórica. PFEIFFER, C.; NUNES, J. H. (Org.). Introdução às Ciências da Linguagem: Língua, Sociedade e Conhecimento. Campinas: Pontes, 2006, v. 3, p. 11-48.
PESSOA DE CASTRO, Y. Falares africanos na Bahia (um vocabulário afro-brasileiro). Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.
PILATI, E. Aspectos sintáticos e semânticos das orações com ordem verbo-sujeito no português do Brasil. 2006. 242 f. Tese (doutorado) – Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, 2006.
PILATI, E.; NAVES, R. R. Desenvolvendo a hipótese da cisão da categoria pronominal no português brasileiro. MOURA, D.; SIBALDO, M. A. (Org.). Estudos e Pesquisas em Teoria da Gramática. Maceió: EDUFAL, 2013a, p. 233-253.
PINHEIRO, A. C. C.; COELHO, G. N. Diário de viagem do Barão de Mossâmedes (1771-1773). Goiânia: Trilhas Urbanas, 2006.
PONTES, E. Sujeito: da sintaxe ao discurso. São Paulo: Ática; Brasília: Instituto Nacional do Livro, Fundação Nacional Pró-Memória, 1986.
PONTES, E. O tópico no português do Brasil. Campinas: Pontes, 1987
QUINTELA, A. C. O topônimo “Goyaz”. Signótica, Goiânia, v. 15, p. 153-172, 2003.
RAPOSO, E.; URIAGEREKA, J. 1996. Indefinite SE. Natural language and linguistic theory, Dordrecht, v. 14, n. 2, p. 749-810.
ROBERTS, I.; ROUSSOU, A. Syntactic change. A minimalist approach to grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
ROCHA, L. M. O Estado e os índios: Goiás 1850-1889. Goiânia: Ed. UFG, 1998.
RODRIGUES, C. Impoverished Morphology and A-Movement out of Case Domains. 396 f. Tese (Doutorado em Linguística). Graduate School of University of Maryland (Department of Linguistics), 2004.
SILVA, M. J. Quilombos do Brasil Central: violência e resistência escrava. Goiânia: Kelps, 2008.
SOARES, M. C. Devotos da cor: identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
SOUZA, E. M. Sujeitos de Referência Arbitrária: uma classe homogênea? 133 f. Tese (Doutorado em Linguística). Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Universidade Federal de Minas Gerais, 2013.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: a.Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. b.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. c.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado