A emergência da gramática do português brasileiro em Goiás

Autores

  • Rozana Reigota Naves Universidade de Brasília
  • Humberto Borges Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.v1i47.62

Resumo

RESUMO: A partir da conjectura teórica de dois campos consagrados das Ciências da Linguagem, a saber, a Linguística Histórica e a Teoria Gerativa, o presente artigo busca fornecer uma nova perspectiva para se olhar a história do português brasileiro, mais especificamente a história de sua variedade que emergiu em Goiás nos séculos XIX e XIX. Para alcançar esse objetivo, analisam-se evidências da mudança na expressão paramétrica do sujeito no português brasileiro encontradas em um manuscrito goiano do século XIX e se delineiam os aspectos linguísticos e históricos que circunscrevem a emergência da gramática do português brasileiro em Goiás, de modo a postular uma hipótese para a mudança na expressão sintática do sujeito nessa região. PALAVRAS-CHAVE: Português Brasileiro. Parâmetro do sujeito nulo parcial. Goiás.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rozana Reigota Naves, Universidade de Brasília

Possui Graduação em Letras pela Universidade Católica de Brasília (1995), Mestrado e Doutorado em Linguística pela Universidade de Brasília (1998 e 2005). Atua no Ensino Superior desde 1997, inicialmente como professora da Universidade Católica de Brasília (UCB). Desde 2006, é Professora Adjunto III da Universidade de Brasília (UnB), vinculada ao Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da (LIP), ministrando aulas no curso de graduação em Letras e no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL). É credenciada para orientar dissertações de Mestrado e teses de Doutorado. Sua produção acadêmica está relacionada a projetos de pesquisa nas áreas da interface entre sintaxe e semântica lexical, da constituição do português brasileiro no Centro-Oeste, da aquisição de português como língua materna ou como segunda língua, da educação linguística e da descrição da língua de sinais brasileira, embora já tenha colaborado com projetos na área da documentação e revitalização de línguas indígenas. É membro do Comitê de Assessoramento Técnico-Científico da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e foi coordenadora do Grupo de Trabalho Teoria da Gramática da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística/ANPOLL (2008-2010). Na UnB, tem exercido diversas funções, entre as quais: Coordenadora dos Cursos de Graduação Noturno (2007-2009) e Diurno (2009-2011), Chefe do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (2012-2014), Coordenadora Institucional da UnB no Programa de Consolidação das Licenciaturas/CAPES (2012-2013 e 2014-2015) e Vice-Diretora do Instituto de Letras (2014-atual).

Humberto Borges, Universidade de Brasília

Possui graduação em Letras (2008-2011) e mestrado (2012-2014) em Linguística pela Universidade de Brasília. Desde 2014, é aluno regular do doutorado em Linguística da Universidade de Brasília.Tem interesse nas áreas de Linguística Histórica e Teoria e Análise Linguística, pesquisando especificamente aspectos históricos e linguísticos relacionados à constituição do Português Brasileiro em Goiás.

Referências

ALDEN, D. The population of Brazil in the Late Eighteenth Century: A Preliminary Study. The Hispanic Americal Historical Review, vol. 43, n. 2, p. 173-206, 1963.

ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

BORGES, H.; NAVES, R. R. Corpus do projeto de pesquisa Estudos sobre a constituição do Português Brasileiro. Universidade de Brasília: Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2015.

CARVALHO, E. F. O rosário de Aninha: os sentidos da devoção rosarina na escritura de Anna Joaquina Marques (Cidade de Goiás, 1881-1930). 285 f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, 2008.

CARVALHO, E. F. Retalhos de uma experiência feminina: mestra Lili, professora pública da capital goiana (1858-1945). Temporis(ação), v. 12, n. 1, p. 18 - 39, jan./dez. 2012.

CAVALCANTE, S. R. O.; MARCOTULIO, L. L. Um novo olhar para as construções com se: para além da questão da concordância. DUARTE, M. E. L. (Org.). O sujeito em peças de teatro (1833-1992): estudos diacrônicos. São Paulo: Parábola, 2012.

CHAIM, M. M. Os aldeamentos indígenas na capitania de Goiás: sua importância na política do povoamento (1749-1811). Goiânia: Oriente, 1974.

CHOMSKY. N. Knowledge of language: its nature, origin, and use. New York: Praeger, 1986.

FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2011.

DUARTE, M. E. L. Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajetória do sujeito no português do Brasil. ROBERTS, I.; KATO, M. (Org.). Português brasileiro: uma viagem diacrônica. Campinas: Editora da Unicamp, 1993.

DUARTE, M. E. L. A perda do princípio “evite pronome” no português brasileiro. 1995. 151 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 1995.

FIGUEIREDO, C. G.; OLIVEIRA, M. S. D. Português do município do Libolo, Angola, e português afro-indígena da comunidade de Jussara, Brasil: cotejando os sistemas de pronominalização. PAPIA, v. 23 (2), jul./dez., 2013, p. 105-185.

FIGUEIREDO-SILVA, M. C. A Posição Sujeito Em Português Brasileiro – Frases Finitas e Infinitivas. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

GALVES, C. A sintaxe do português brasileiro. Ensaios de Linguística, v. 13, p. 31-50, 1987.

GALVES, C. Tópicos, sujeitos, pronomes e concordância no português brasileiro. Caderno de Estudos da Linguagem, v. 34, p. 19-32, Campinhas, jan./jun., 1998.

GALVES, C. Ensaio sobre as gramáticas do português. Campinas: Editora da Unicamp, 2001.

GARCIA, L. F. Goyaz: uma província do sertão. Goiânia: Cânone Editorial/Editora PUC-Goiás, 2010

GUASTI, M. T. Language acquisition: the growth of grammar. Massachusetts: Institute of Technology of Massachusetts, 2002.

HOLMBERG, A.; SHEEHAN, M. Control into finite clauses in partial null-subject languages. BIBERAUER, T. et al. Parametric Variation: null subjects in Minimalist Theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

KARASCH, M. C. Centro africanos no Brasil Central, de 1780 a 1835. HEYWOOD, L. M. Diáspora negra no Brasil. São Paulo: Contexto, 2013, p. 125-164.

KARASCH, M. C. O quilombo do ouro na capitania de Goiás. In: REIS, J. J. ; GOMES, F. dos S. Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1996, p. 240-262.

KATO, M.; NEGRÃO, E. V. (Org.). Brazilian Portuguese and the Null Subject Parameter. Frankfurt: Vervuert Verlag, 2000.

KATO, M.; DUARTE, M. E. L. Restrições na distribuição de sujeitos nulos no Português Brasileiro. Veredas (UFJF. Online), v. 18, p. 1-21, 2014.

KROCH, A. Syntactic change. BALTIN, M.; COLLINS, C. (Orgs.). The handbook of contemporany syntactic theory. Oxford: Blackwell, 2001.

LOBATO, L. Sobre a questão da influência ameríndia na formação do português do Brasil. SILVA, D. E. G. (Org.). Língua, gramática e discurso. Goiânia: Cânone Editorial, 2006, p. 54-86.

LOIOLA, M. L. Trajetórias para liberdade: escravos e libertos na capitania de Goiás. Goiânia: Ed. UFG, 2009.

LUCCHESI, D.; BAXTER, A. A transmissão linguística irregular. LUCCHESI, D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (Orgs.). O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009, p. 101-124.

LUCCHESI, D. A simplificação morfológica na expressão do sujeito indeterminado no português afro-brasileiro. Revista LinguíStica, v. 10, n. 1, junho de 2014, p. 277-298.

LUNGUINHO, M. V. S.; MEDEIROS, P. 2009. Inventou um novo sujeito: características sintáticas e semânticas de uma estratégia de indeterminação do sujeito no português brasileiro. A Interdisciplinar – Revista de Estudos em Língua e Literatura. Sergipe, v. 9, p. 7-21.

MATTOS E SILVA, R. V. Caminhos da linguística histórica: ouvir o inaudível. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MATTOS E SILVA, R. V. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

MORAES, C. C. P. A capitania dos Guayazes em festa: as comemorações pela convalescência do Rei D. José I em 1760. Estudos Ibero-Americanos, v. XXV, n. 1. Porto Alegre: Edipucrs, junho de 1999, p. 81-92.

MORAES, C. C. P. Devotos de Nuestra Señora del Rosário de los Hombres Negros y seguidores del Vudú: Los rituales sudaneses en la région de los Guayases al final del siglo XVIII. CORTÉS ZAVALA, M. T.; et al. (Org.). Michoacan: Universidad Michoacan de San Nicolas de Hildalgo; Goiânia: UFG/CECAB, 2002, p. 71-92.

NARO, A. The genesis of the reflexive impersonal in Portuguese: a study in syntactic change as a surface phenomenon . Language (Baltimore), New York, v. 52, p. 779-810, 1976.

NAVES, R. R.; PILATI, E.; SALLES, H. As cidades da Amazônia chovem muito: Non-thematic subjects and the properties of agreement in Brazilian Portuguese (BP). Portuguese Linguistics in the United States, University of Georgia, Athens, November 15th, 2013.

NEGRÃO, E. V. O português brasileiro: uma língua voltada para o discurso. 214 f. Tese (Livre-Docência). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1999.

NUNES, J. O famigerado se: uma análise sincrônica e diacrônica das construções com se apassivador e indeterminador. 180 f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, 1990.

OLIVEIRA, M. S. D. CAMPOS, E. A.; CECIM, J. F.; LOPES, F. J.; SILVA, R. A. O português étnico de Jurussaca: o resgate de uma variedade ao conjunto “português brasileiro”. AVELAR, J.; LÓPES, L. Á. (Orgs.). Dinâmicas afro-latinas - língua(s) e história(s). Berlin: Peter Lang, 2015, p. 149-178.

OSSAMI DE MOURA, M. C. Tapuios do Carretão. OSSAMI DE MOURA, M. C. (Org.). Índios de Goiás: uma perspectiva histórico-cultural. Goiânia: Editora da UCG, 2006, p. 153-220.

PALACIN, L. Goiás: 1722-1822. Estrutura e conjuntura numa Capitania de minas. Goiânia: Oriente, 1972.

PALACÍN, L.; MORAES, M. A. de S. História de Goiás: (1722-1972). 7ª Ed. Goiânia: Editora Vieira e Editora da UCG, 2008.

PAIXÃO DE SOUSA, M. C. Linguística Histórica. PFEIFFER, C.; NUNES, J. H. (Org.). Introdução às Ciências da Linguagem: Língua, Sociedade e Conhecimento. Campinas: Pontes, 2006, v. 3, p. 11-48.

PESSOA DE CASTRO, Y. Falares africanos na Bahia (um vocabulário afro-brasileiro). Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.

PILATI, E. Aspectos sintáticos e semânticos das orações com ordem verbo-sujeito no português do Brasil. 2006. 242 f. Tese (doutorado) – Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, 2006.

PILATI, E.; NAVES, R. R. Desenvolvendo a hipótese da cisão da categoria pronominal no português brasileiro. MOURA, D.; SIBALDO, M. A. (Org.). Estudos e Pesquisas em Teoria da Gramática. Maceió: EDUFAL, 2013a, p. 233-253.

PINHEIRO, A. C. C.; COELHO, G. N. Diário de viagem do Barão de Mossâmedes (1771-1773). Goiânia: Trilhas Urbanas, 2006.

PONTES, E. Sujeito: da sintaxe ao discurso. São Paulo: Ática; Brasília: Instituto Nacional do Livro, Fundação Nacional Pró-Memória, 1986.

PONTES, E. O tópico no português do Brasil. Campinas: Pontes, 1987

QUINTELA, A. C. O topônimo “Goyaz”. Signótica, Goiânia, v. 15, p. 153-172, 2003.

RAPOSO, E.; URIAGEREKA, J. 1996. Indefinite SE. Natural language and linguistic theory, Dordrecht, v. 14, n. 2, p. 749-810.

ROBERTS, I.; ROUSSOU, A. Syntactic change. A minimalist approach to grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

ROCHA, L. M. O Estado e os índios: Goiás 1850-1889. Goiânia: Ed. UFG, 1998.

RODRIGUES, C. Impoverished Morphology and A-Movement out of Case Domains. 396 f. Tese (Doutorado em Linguística). Graduate School of University of Maryland (Department of Linguistics), 2004.

SILVA, M. J. Quilombos do Brasil Central: violência e resistência escrava. Goiânia: Kelps, 2008.

SOARES, M. C. Devotos da cor: identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

SOUZA, E. M. Sujeitos de Referência Arbitrária: uma classe homogênea? 133 f. Tese (Doutorado em Linguística). Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Universidade Federal de Minas Gerais, 2013.

Downloads

Publicado

14.08.2015

Edição

Seção

Artigos