O papel do conector aliás na articulação de argumentos e na construção de imagens identitárias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2022n62.512

Palavras-chave:

conector aliás, argumentação, debate eleitoral.

Resumo

Procedemos, neste trabalho, ao estudo dos usos do conector aliás no último debate eleitoral da campanha à Presidência da República do Brasil, ocorrida em 2018, investigando o modo como as onze ocorrências do conector constantes do debate auxiliam na articulação e hierarquização de argumentos, na defesa de pontos de vista e na construção de imagens identitárias pelos candidatos. A perspectiva teórica que seguimos é a da Semântica da Enunciação (ou Pragmática integrada). No debate, identificamos dois usos do conector, um em que introduz um argumento suplementar e outro em que introduz uma correção ou retificação. Em ambos os usos, o conector, indicando rupturas enunciativas entre os argumentos que conecta, desempenha um papel estratégico. Empregando-o, o locutor busca atribuir diferentes graus de importância aos argumentos, graduar a maior ou menor amplitude de seu público-alvo, bem como poupar-se de ataques, corrigindo-se.

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Biografia do Autor

Gustavo Ximenes Cunha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Mestre e doutor em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde realizou pós-doutorado. Foi professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), de 2013 a 2015. É professor da Faculdade de Letras da UFMG e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (POSLIN/UFMG) desde 2016. É pesquisador do Núcleo de Estudos da Língua em Uso (NELU/ UFMG), do Grupo de Estudos sobre Pragmática, Texto e Discurso (GEPTED/ UFMG) e do Grupo de Estudos sobre Discurso Midiático (GEDIM/UFES). É membro do GT Descrição do Português, da ANPOLL. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - nível 2. Seus trabalhos mais recentes investigam a relação entre estrutura do discurso e interação.

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Publicado

13.02.2022

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Artigos