Classes de palavras: um percurso crítico com vista a uma meta didática

Autores

  • José Carlos de Azeredo Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2021nEsp.500

Palavras-chave:

Conceito de palavra, critérios de classificação, relevância pedagógica.

Resumo

A unidade da língua conhecida como ‘palavra’ sempre ocupou o centro da análise gramatical no Ocidente, desde os estudos dos filólogos gregos realizados no século II a.C. A associação entre o conceito de palavra e a estruturação do pensamento percorreu os séculos: o ato de pensar envolve seres, nomeados por substantivos, e as ações que eles praticam, nomeadas pelos verbos. Aprendemos nos bancos escolares uma grade classificatória oficial, em vigor no Brasil desde 1959 (a Nomenclatura Gramatical), que compreende dez classes. A tradição escolar nos ensinou a identificá-las pelo que significam: substantivos nomeiam seres e objetos, verbos denotam ações e processos, advérbios expressam circunstâncias etc. etc. Esse é, de fato, o perfil de muitos substantivos (peixe, lápis), verbos (nadar, crescer) e advérbios (agora, assim). No entanto, a existência de tantas outras espécies semânticas de substantivos, de verbos e de advérbios impede a formulação de definições concisas e abrangentes para essas classes com base no que as formas reunidas em cada uma significam. Os critérios de classificação devem ser objetivos e abrangentes. No caso das palavras, esses critérios têm de se basear em suas propriedades gramaticais, presentes em sua forma (características morfológicas) e reveladas nas posições que ocupam e nas relações que contraem no interior da frase (características combinatórias ou sintáticas). O presente artigo aborda o status das diferentes classes de palavras à luz da história do pensamento gramatical, de sua problematização teórica e de sua relevância pedagógica.

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Biografia do Autor

José Carlos de Azeredo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

José Carlos de Azeredo é doutor em Letras pela UFRJ e pós-doutor pelo LAEL da PUC-SP. Docente aposentado da UFRJ, atualmente é professor associado do Instituto de Letras da UERJ. Foi bolsista do programa Prociência (FAPERJ-UERJ) e Pesquisador 2 do CNPq por nove anos. Foi consultor gramatical do Minidicionário Caldas Aulete (Nova Fronteira: 2004) e redator de “Uma pequena gramática”, integrante do referido volume. É autor de Iniciação à sintaxe do português (J. Zahar/1990); de Fundamentos de gramática do português (J. Zahar/2000), Ensino de Português: fundamentos, percursos, objetos (J. Zahar/2007), Escrevendo pela nova ortografia (Publifolha/2008), Gramática Houaiss da Língua Portuguesa (Publifolha/2009), Dicionário Houaiss de conjugação de verbos (Publifolha/2012), A linguística, o texto e o ensino da língua (Parábola/2018) e coautor de Gramática comparativa Houaiss: quatro línguas românicas (Publifolha/2010).

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Publicado

06.06.2021