Sobre um uso estilístico do pretérito mais-que-perfeito na sintaxe clássica do português

Autores

  • José Carlos de Azeredo Universidade do Estado do Rio de Janeiro | CNPq

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.v1i55.291

Resumo

Nossa tradição descritiva, amparada exclusivamente em traços morfológicos, assegura ao pretérito imperfeito do subjuntivo [PIS] e ao futuro do pretérito [FtP] o status de tempos distintos. No entanto, se levarmos em conta o comportamento de ambos no plano sintático e no papel de meios de expressão do tempo e da atitude do falante, o grau dessa separação fica bem reduzido. PIS e FtP ocupam, nos períodos hipotéticos, posições complementares, e só esporadicamente são permutáveis entre si. Os sentidos de tempo e modo expressos em cada um acabam por ser exatamente os mesmos. Esse fato favoreceu a substituição de ambos pelo pretérito mais-que-perfeito, um recurso estilístico da sintaxe clássica portuguesa que transfere para o plano formal uma simetria presente no conteúdo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALI, Manuel Said. Gramática histórica da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1964. p. 319-20.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. revista e ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999. p. 279.

BRANDÃO, Cláudio. Sintaxe clássica portuguesa. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1963. p. 527.

CÂMARA JR., J. Mattoso. A forma verbal portuguesa em –ria. Washington: George University Press, 1967. p. 15.

CAMÕES, Luís de. Lírica completa, v. II. (Prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva). Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1980. p. 168.

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Canto VII, estrofe 14. Porto: Porto Editora, s/d.

CUNHA, Celso e CINTRA, Luis F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 461.

ERNOUT, Alfred THOMAS, François. Syntaxe latine. Paris: Klincksiek, 1964. p. 380.

HERCULANO, Alexandre. Eurico, o presbítero. Lisboa: Livraria Bertrand, 1944. p. 28.

LOPES, Fernão. Crônica de D. Pedro. Edizione critica con introduzione e glossario a cura di Giuliano Mácchi. Roma: Edizioni dell’Ateneo, s.d.

PROENÇA FILHO, Domicio (org.). A poesia dos Inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 95.

Downloads

Publicado

20.12.2018

Edição

Seção

Artigos