Ainda a questão: que gramática ensinar na escola?

Autores

  • Marcos Bispo dos Santos Universidade do Estado da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.v1i51.165

Resumo

RESUMO: Este artigo tem como objetivo refletir sobre os fundamentos epistemológicos das diversas posições acerca do ensino de gramática, de maneira a reunir bases teóricas e políticas para responder à questão “que gramática ensinar na escola”? A análise evidenciou que: i) o enfoque descritivo, por adotar uma concepção naturalista e cientificista da gramática, não apresenta respostas satisfatórias às questões que envolvem a padronização linguística; ii) as alternativas para a superação dos impasses decorrentes das limitações do paradigma descritivo se apresentam de duas formas: a) uma perspectiva que defende o ensino de língua orientado para o desenvolvimento de competências de leitura e escrita, em que o ensino de gramática perde especificidade; b) uma perspectiva que postula a especificidade e complementaridade do trabalho com o texto e com a gramática. Diante da constatação de que muitas práticas de leitura e escrita se estruturam em torno da língua padrão, conclui-se que a gramática a normativa, em função de sua importância sociopolítica, deve ser a principal referência nas práticas de ensino de língua portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: Gramática tradicional; Gramática descritiva; Ensino de gramática.

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Biografia do Autor

Marcos Bispo dos Santos, Universidade do Estado da Bahia

Professor Adjunto na Universidade do Estado da Bahia, onde atua no Colegiado de Letras - Língua Portuguesa e Literaturas e no Mestrado Profissional em Letras. É líder do Grupo de Pesquisa sobre Formação Profissional de Professores de Línguas. Desenvolve pesquisas nas áreas de ensino de língua portuguesa e formação inicial e continuada de professores.

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Publicado

20.12.2016

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Artigos