Reflexões críticas sobre a Gramática do Português Brasileiro Escrito

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2025n68.1444

Palavras-chave:

Gramaticografia, Português Brasileiro, Norma-Padrão

Resumo

No âmbito da Historiografia Linguística — especificamente da gramaticografia (SWIGGERS, 2020), inserida no processo de gramatização (AUROUX, 1992) —, este artigo visa refletir criticamente sobre procedimentos metodológicos e contestáveis lições normativas na Gramática do português brasileiro escrito (FARACO e VIEIRA, 2023), investigando-se nela certos avanços com foco no estabelecimento duma nova norma-padrão — epistemologicamente mais afastada da tradição gramatical e centrada tão somente no português brasileiro em sua modalidade escrita formal, baseada nas linguagens jornalística e acadêmica. Para isso, cotejaram-se regras normativas estabelecidas pelos linguistas com as encontradas, sobretudo, em representativas gramáticas tradicionais da segunda metade do século XX de autores brasileiros e com dados registrados em recente pesquisa sobre a norma culta escrita do português brasileiro contemporâneo (PESTANA, 2023), a fim de atestar se a norma linguística presente nesta gramática é fruto de constatação científica ou de arbitrariedade.

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Biografia do Autor

Fernando Pestana, Universidade do Porto

Mestre em Linguística pela Universidade do Porto (Portugal), professor de Língua Portuguesa formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor do livro _A Gramática para Concursos Públicos e de outras obras na área educacional. Criador dos aplicativos Mister Crase e Decore as Conjunções. É colaborador no “Comitê de Avaliação da Olimpíada de Português”, integrante da equipe do “Ciberdúvidas da Língua Portuguesa” e fundador da página “Língua e Tradição”.

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Publicado

16.02.2025

Edição

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Artigos