Idiomaticidade em Gramática de Construções: a construção de contraexpectativa com “bem” sob uma análise semântico-pragmática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2024n66.1360

Palavras-chave:

idiomaticidade, bem, Gramática de Construções

Resumo

Este estudo visa investigar um padrão idiomático existente em algumas variedades do português brasileiro identificado pelo item bem. Exemplos do seu uso são frases como “Eu bem vendi o colar que ela gostou” e “Meu nariz bem sangrou”, em que os valores canônicos associados a essa palavra, como os de modo, intensidade ou precisão, não são identificados; e cujo significado não é autoevidente. Diante de dados desse padrão, questiona-se: haveria um valor semântico-pragmático estável em todos os seus usos? Se sim, qual seria ele? À luz da Gramática de Construções Baseada no Uso, defendemos que todos os usos análogos a esses são instâncias de uma construção gramatical, denominada aqui Construção de Contraexpectativa com Bem (CCB). Sob um viés exploratório, foi realizada uma análise qualitativo-interpretativa a partir de dados retirados de corpora com o objetivo de formular uma hipótese acerca do conteúdo semântico-pragmático dessa construção. Defendemos que ela é responsável por marcar a noção de contraexpectativa, se configurando, gramaticalmente, como um disparador de pressuposição negativa. Em uma perspectiva confirmatória, para testar esta hipótese, foi realizado um experimento psicolinguístico off-line de paradigma de escolha forçada, comparando enunciados com e sem a construção, cujos resultados fornecem evidências significativas em favor da proposta formulada.

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Biografia do Autor

Diogo Pinheiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

tem doutorado em Linguística e mestrado em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Professor Adjunto da UFRJ, membro titular do Programa de Pós-graduação em Linguística da UFRJ e um dos coordenadores do LinC (Laboratório de Linguística Cognitiva). No primeiro semestre de 2023, atuou como Pesquisador Visitante na Universidade de Lancaster (Reino Unido), onde realizou estágio de pós- doutoramento desenvolvendo pesquisa sobre construções idiomáticas de intersubjetividade. É Professor Adjunto da UFRJ, membro titular do Programa de Pós-graduação em Linguística da UFRJ e um dos coordenadores do LinC (Laboratório de Linguística Cognitiva). No primeiro semestre de 2023, atuou como Pesquisador Visitante na Universidade de Lancaster (Reino Unido), onde realizou estágio de pós-doutoramento desenvolvendo pesquisa sobre construções idiomáticas de intersubjetividade. Com atuação inserida no campo da Linguística Baseada no Uso (Linguística Cognitiva, Gramática de Construções, modelos baseados no uso), interessa-se principalmente pelos seguintes temas: (1) construções de intersubjetividade; (2) Linguística Baseada no Uso e ensino; e (3) relação entre semântica cognitiva e Gramática de Construções.

Clara Sousa, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

É graduada em Licenciatura em Letras - Português/Literaturas pela Faculdade de Letras da UFRJ, realiza, como integrante do Laboratório de Pesquisas em Linguística Cognitiva (Linc), pesquisa, no nível de mestrado, em Gramática de Construções, sob orientação do Prof. Dr. Diogo Pinheiro. Mais especificamente, estuda a Construção de Contraexpectativa com Bem e a Construção Bem Que X do português brasileiro. Além disso, atua também como monitora de produção textual na Escola Politécninca de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

Brendha Portela, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

É mestre e doutoranda em Linguística, no Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFRJ, graduada Summa Cum Laude em Licenciatura em Letras - Português/Inglês (UFRJ) e integrante do Laboratório de Pesquisas em Linguística Cognitiva (LINC). Desde 2017, pesquisa na área de Gramática de Construções, sob orientação do Prof. Dr. Diogo Pinheiro. É membro da Comissão Permanente de Organização de Eventos do PosLing- UFRJ e da equipe editorial da revista Linguística Rio. Além disso, atuou como monitora bolsista de Fundamentos da Linguística na UFRJ, como monitora bolsista de Língua Inglesa no CLAC (Cursos de Línguas Abertos à Comunidade) e como monitora voluntária de produção textual em turma de EJA na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

Referências

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Publicado

27.01.2024

Edição

Seção

Artigos